Quem é você, Alasca? – John Green

O dia que comprei este livro, foi o dia em que conheci a Marina, livreira da Saraiva, ela não tinha lido este título, tampouco me indicou John Green, mas algumas pessoas são dignas de nota. Marina disse que eu devia ler Laranja Mecânica e Como Treinar seu Dragão, a combinação é tão inusitada que só pode ser sincera, e eu humildemente indiquei Sir Terry Pratchett que ela ainda não conhecia.
Só um leitor introvertido sabe a alegria de bater um bom papo com outro apaixonado.

capa-alascaMiles Halter é o personagem que narra esse livro, um garoto de 16 anos entediado que deixa sua vida comum em busca de um Grande Talvez, ele acredita que um bom lugar para começar sua busca é estudando em um colégio interno, como fizeram as personalidades que admira.

O garoto troca a Flórida pelo clima quente do Alabama, na escola onde seu pai também estudou logo faz amizade com seu colega de quarto, Chip Martin, mais conhecido como Coronel que o introduz às novas regras e seu pequeno grupo de amigos. Agora já apelidado de Gordo, Miles se encanta imediatamente pela “garota mais linda da história da humanidade”, a tal Alasca.

Alasca não é só uma garota bonita, ela é arrebatadora, uma mulher sensual, inteligente, apaixonada por livros, e intrigada com a vida. Ao mesmo tempo carrega uma aura misteriosa, tem períodos depressivos, de péssimo humor e ninguém a conhece profundamente.

… se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão.

Gordo tem como hobby colecionar últimas palavras de grandes nomes, que coleta principalmente lendo suas biografias. Quando Alasca descobre, lhe mostra em seu livro favorito, O General no seu labirinto de Gabriel García Márquez, a frase que Simón Bolívar disse ao falecer, “Como sairei deste labirinto?”.

Essa acaba sendo a grande questão do livro. O que é o labirinto e como saímos dele?

Sinto que não posso continuar falando sobre a história sem spoiler, e muito menos posso dá-lo. O acontecimento que muda o rumo dos personagens, que transforma uma narração comum sobre garotos que gostam de beber, fumar e pregar peças em uma reflexão profunda sobre esse labirinto de sofrimento precisa ser uma surpresa.

A reviravolta da trama é tamanha que os capítulos são marcados e divididos em dias Antes e Depois dele.

Não sei se quero ler outros livros do John Green, ele esmaga seu coração quando você menos espera, fazia tempo desde a última vez que precisei fechar um livro pra chorar. As reflexões impostas são mais importantes que os fatos, e eu fico contente que estejam presentes em uma obra considerada juvenil.