O Rei de Amarelo, True Dectetive e o terror cósmico

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O Rei de Amarelo é um livro dentro de um livro.

rei-amarelo-capaNa verdade, é uma coletânea de contos publicada originalmente em 1897 por Robert W. Chambers. Em quatro das dez histórias os personagens são assombrados por uma peça teatral fictícia – que dá nome ao livro – e faz com que todos os que leem suas páginas sejam morbidamente afetados por elas. Com efeitos pavorosos que só as mentes mais doentias podem conceber.

Um marco da literatura de terror fantástico, O Rei de Amarelo é como uma frente fria: sem que possamos vê-la, faz com que as temperaturas caiam, enrijece o corpo e te faz buscar por proteção e conforto. O livro é sutil, por isso não espere parágrafos assustadores, mas sim o temor psicológico que se instaura frase a frase.

A peça, infelizmente, só existia na cabeça de Chambers. Pequenos trechos são divulgados nos contos e diversos autores já tentaram reconstruí-la, mas a versão enlouquecedora fica por conta de cada um de nós.

Adormecido por muito tempo, o livro voltou a ganhar notoriedade com a série investigativa True Detectitve, exibida pela HBO, cujo mistério central faz referência ao obscuro Rei de Amarelo. Exibida simultaneamente no Brasil e nos EUA entre fevereiro e março de 2014, teve mais de 3,5 milhões de espectadores, colocando a versão em e-book da obra de domínio público (em inglês) no 1º lugar da Amazon.

A ideia de terror cósmico se tornou parte real do ambiente da série, principalmente para os que conhecem o trabalho de Chambers – Nic Pizzolatto, roteirista da série.

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Rust (Matthew McConaughey) e Marty (Woody Harrelson), protagonistas da série.

Chambers também inspirou grandes nomes da literatura, como H.P. Lovecraft, Stephen King e Neil Gaiman. Não conheço a obra de Lovecraft, mas as influências são bem perceptíveis nos textos de King e Gaiman.

A edição da Intrínseca, por reconhecer que se trata de uma verdadeira obra-prima, respeita a seleção de contos feita pelo autor para a primeira edição do livro. São eles: O reparador de reputações, A máscara, No Pátio do Dragão, O Emblema Amarelo, A Demoiselle d’Ys, O paraíso do profeta, A rua dos Quatro Ventos, A rua da primeira bomba, A rua de Nossa Senhora dos Campos e Rue Barrée.

Como publicação, o livro é encantador. O miolo, impresso em Pólen Soft, tem cheiro de giz de cera e contribui para a atmosfera inebriante dos contos. A arte da capa (Raphael Pacanowski) e a ilustração (ZlayerOne) são lindas.

A edição ainda conta com comentários e nota de rodapé por Carlos Orsi. O escritor e jornalista contribui e muito para a leitura dessa obra-prima por meio de informações históricas e literárias. Além, é claro, de nos mostrar como todas os contos estão interligados de alguma maneira.

SELO-SITETítulo Original: The King in Yellow
Editora: Intrínseca
Número de Páginas: 254